No Dia Mundial do Autismo, realizado nesta terça-feira, 2 de abril, organizações de saúde de todo o mundo tentam conscientizar a população a respeito da doença que atinge uma em cada 160 crianças em todo mundo e é mais comum em meninos.
 
Toda esta mobilização tem como objetivo apresentar alguns sinais do autismo em crianças e mostrar a importância de procurar orientação profissional o quanto antes para fazer o diagnóstico. 
 
O rastreamento do autismo deve começar a partir do 16º mês de vida, dizem especialistas. O também chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA), apresenta graus variáveis, podendo ter forma leve, como a síndrome de Aspeger, ou grave, quando há maior comprometimento cognitivo.  
 
Como diagnosticar?
 
O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado nos sintomas e comportamento da criança. Nesta avaliação, os profissionais identificam se há prejuízos na interação social, na linguagem, comunicação e padrões repetitivos de comportamento – sintomas comuns ao TEA. “O autismo pode ser diagnosticado em crianças de 2 anos, mas a idade média de diagnóstico é de 5 anos”, alertou Lisa Goring, do Autism Speaks, organização americana de defesa do autismo, à CBS News. 
 
O autismo não tem cura, portanto, o rastreamento precoce é fundamental para garantir o início do tratamento, que ajuda a reduzir os sintomas e oferecer maior apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem do paciente. Entretanto, o diagnóstico precoce só é possível se pais e pediatras estiverem atentos aos sintomas da doença. 
 
Inclusão 
 
O número de alunos com transtorno do espectro autista (TEA) que estão matriculados em classes comuns no Brasil aumentou 37,27% em um ano. Em 2017, 77.102 crianças e adolescentes com autismo estudavam na mesma sala que pessoas sem deficiência. Esse índice subiu para 105.842 alunos em 2018.
 
Os dados foram extraídos do Censo Escolar, divulgado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). São considerados tanto os estudantes de escolas públicas quanto de particulares. 
 
O aumento no número de matrículas acompanha uma exigência legal: pelos princípios constitucionais, nenhuma escola pode recusar a entrada de um aluno por causa de uma deficiência – nem mesmo as da rede privada. Há, inclusive, uma política nacional específica para pessoas com TEA, sancionada em dezembro de 2012. Pela Lei Berenice Piana, como é conhecida, é direito da pessoa com autismo o acesso à educação e ao ensino profissionalizante.
 
Conforme mostram os dados do Censo, o aumento das matrículas indica que as escolas deram um passo em direção à inclusão. No entanto, permanece um desafio: ir além da mera presença em sala de aula. É necessário assegurar que os alunos com autismo estejam aprendendo.
 
“Precisamos avançar em relação a essa inclusão de ‘faz de conta’. Muitas famílias percebem que a criança não está participando das atividades das salas de aula. Dizem que ela não recebe qualquer atenção específica”, afirma Renata Tibyriçá, defensora pública do Estado de São Paulo. “Não existe um trabalho específico que garanta o aprendizado.”
 
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Muito ainda deve ser feito, mas o principal é que a sociedade e o poder público atentem para os aspectos educacionais que podem melhorar o aprendizado e proporcionar melhores experiências em sala de aula, às crianças e aos adolescentes que possuem TEA.