De acordo com os últimos acontecimentos e, como a maioria dos brasileiros sabe, a Polícia Federal investiga um esquema de profissionais do Ministério da Agricultura. Eles teriam  recebido propina na liberação de carnes para venda. O objetivo era que os produtos fossem comercializados antes de passar pela fiscalização indicada. 
 
Ao todo foram 6 estados e Distrito Federal que entraram na investigação. Cerca de 35 pessoas foram presas e servidores públicos também estiveram envolvidos no esquema, que ainda contou com participação de funcionários de empresas privadas. 
 
Neste sentido, muitas dúvidas surgiram e, o que houve, foi o receio geral da população brasileira no que se refere à compra de carnes para consumo. Como saber sobre procedência? Se muitos frigoríficos estão envolvidos, qual é a medida de atenção no momento da compra de produtos nas grandes redes de supermercados? Sendo assim, a coordenadora da Pós em Vigilância Sanitária e Qualidade de Alimentos da Estácio, Sandra Dualibi, respondeu questionamentos que são comuns à população. 
 
Confira na sequência! 
 
Pós Estácio > Quais são os cuidados básicos que o consumidor precisa ter quando faz a escolha de seus produtos no supermercado?
 
Sandra Dualibi > Ao comprar alimentos, sejam estes frutas, verduras, legumes, laticínios ou carnes frescas, o consumidor deve sempre avaliar o aspecto, considerando a textura, o odor e a coloração esperada.
 
É importante entender que um alimento que está “estragado” apresenta sinais com alterações perceptíveis, como o amolecimento e odor desagradável, quando se trata de vegetais e carnes. Já no caso de um alimento contaminado por alterações intencionais, consideradas fraudes, como na Operação mencionada, as alterações não serão observadas facilmente pelo consumidor.
 
Para os produtos congelados, esta avaliação no momento da compra se limita à observação da integridade das embalagens e às informações da rotulagem, portanto, a credibilidade no fabricante torna-se fundamental.
 
Pós Estácio > Nas fiscalizações, antes da venda para o consumidor, o que os profissionais responsáveis pela vigilância sanitária vistoriam e, como atuam?
 
Sandra Dualibi > É importante destacar que há legislações que determinam como as indústrias devem proceder na fabricação de alimentos.
 
No caso dos produtos de origem animal, como carnes, leite e seus derivados, essa fiscalização é obrigatoriamente realizada por profissionais do Ministério da Agricultura que acompanham diariamente os processos de fabricação, desde a aprovação das matérias primas até a hora da embalagem, armazenamento e transporte do produto final, a fim de que seja garantida a qualidade e a segurança dos alimentos oferecidos ao consumidor.
 
Pós Estácio > Falando da Operação Carne Fraca, como os consumidores podem se sentir seguros novamente para continuarem comprando carnes nos supermercados, se os maiores frigoríficos do Brasil (e que são fornecedores) estão envolvidos? É preciso que haja normas mais severas ou uma fiscalização mais vigente? 
 
Sandra Dualibi > Como vimos, a fiscalização nos frigoríficos é obrigatória e contínua, e até onde foi informado, apenas algumas unidades fabricantes administradas pelos grandes grupos citados estão envolvidas em fraudes, não só por alterações nos produtos como em documentos.
 
A autorização para o funcionamento e a fiscalização em frigoríficos, granjas e laticínios sempre foi e continuará sendo rigorosa. Essas empresas são visitadas frequentemente por clientes nacionais e internacionais. Não é fácil ser um exportador de alimentos! São muitas as exigências e atendimento às legislações de cada país.
 
Infelizmente fraudes podem acontecer em qualquer setor de produção, não somente de alimentos, sendo necessária a participação de um grupo de pessoas (funcionários, direção, fiscais, transportadores, distribuidores). Um crime desta natureza depende de várias pessoas envolvidas e não é fácil de ser concretizado.
 
O Ministério da Agricultura determinou a interdição das unidades suspeitas e dos distribuidores, açougues e mercados, e também providenciou o recolhimento de produtos provenientes dos frigoríficos citados na Operação.
 
E, para recuperar a credibilidade no setor, as ações de fiscalização e controle devem ser intensificadas e cada vez mais divulgadas à população. Com o conhecimento adquirido, o consumidor pode tornar-se um excelente e ativo fiscalizador.
 
Pós Estácio > Como armazenar corretamente, em casa, produtos que exigem mais cuidados? 
 
Sandra Dualibi > Muitos dos produtos perecíveis necessitam ser armazenados em baixas temperaturas para conservarem suas características.
Para carnes frescas, a refrigeração não deve exceder 72 horas e, quando congeladas, devemos seguir as orientações descritas no rótulo pelo fabricante.
 
Pós Estácio > Como escolher a carne em condições apropriadas para consumo?
 
 Sandra Dualibi > No momento da compra, observar:
 
A coloração das carnes frescas:
*Bovinas – cor vermelha intensa;
*Suínas – cor rosada;
*Aves – cor branca. 
 
As embalagens dos produtos congelados:
*Sem rompimentos;
*Ausência de cristais de gelo em seu interior;
*Origem e Prazo de Validade. 
 
 
Entrevistada: 
Sandra R. Duailibi
Biomédica – Mestre em Nutrição Humana
Coordenadora da Pós em Vigilância Sanitária e Qualidade de Alimentos
Coordenadora da Pós em Tecnologia de Alimentos